terça-feira, 25 de novembro de 2014

Melancolias de uma despedida sem perigos


"Tem coisas que somente o Paraná pode proporcionar" dizem as línguas de alguns torcedores mais pessimistas, como também as línguas-de-cobra dos rivais. Evidente que vivemos uma crise que teima em não sair de nosso pano de fundo, por conta da inércia da diretoria do clube e aliada a uma série de fatores. Questão da Kennedy, salários atrasados, jogadores sem qualidade, os efeitos do futebol atual (ingressos caros para forçar planos de sócios). Fiquemos nisso para não citarmos mais problemas, do contrário, a coluna se torna um muro de lamúrias.

Mas a melancolia da despedida deste ano que poderia ter sido diferente, em alguma realidade paralela, pode ao menos nos apontar para alguns direcionamentos pra temporada seguinte. Mas é preciso trabalho.

Contra o América-RN, o Tricolor encerrará a Série B sem riscos de queda. Ok. Isto já é mais que um consolo e já é uma vitória considerando o quadro dramático do clube. No campo tático, a partida contará com o retorno do volante Sitta, o zagueiro Alef, o atacante Thiaguinho e o meia Lúcio Flávio. Todos eles por suspensão. Carlinhos e Adaílton, atacantes, podem retornar do Departamento Médico. Eram 6 os desfalques, a metade de um elenco.

Como Ricardinho - ou qualquer outro técnico que venha ao Tricolor - irá trabalhar o psicológico dos jogadores é de fundamental importância pro ano de 2015. Nós continuamos na mesma: iremos disputar o Ruralzão, e continuaremos na Série B. Ou seja, nosso problema de caixa não irá piorar, mas continuará extremamente oscilante. Como estes jogadores irão reagir, visto que suspensões em massa não podem ocorrer em um torneio de pontos-sofridos? Como o técnico irá trabalhar esta percepção psicológica? Como a Diretoria fará para manter os salários em dia?

"O que a Diretoria pretende pra 2015" é a pergunta que o torcedor precisa começar a fazer, em troca do "tem coisas que(...)". É o questionamento principal, que nos levará às demais perguntas. A torcida precisa participar tanto com cobranças, quanto principalmente com apoio.

Vejam, senhores, que o clube precisa (de uma forma ou de outra) resgatar aquela mobilização que houve em 2013. É o mínimo para se garantir uma luta mais digna pelo acesso à Série A. É o mínimo para se fornecer ao torcedor - que precisa conceder ao clube toda a sua devoção - uma esperança de luz no final do túnel. Adiante, a diretoria precisa planejar a conquista de um Ruralzão. É igualmente imprescindível que o Paraná Clube fique mais um ano às moscas, sem conquistar um campeonato que está ficando cada vez mais sucateado, defasado e sem valor com o passar dos anos. A conquista de um Paranaense pode dar certo fôlego (e embalo) para uma nova Série B em 2015, com uma equipe mais focada, mais preparada pros embates, além de mais torcedores presentes.

Mas sem trabalhar o psicológico dos jogadores, sem ações ou sem um plano de comunicação que desperte no paranista adormecido a mesma atmosfera de 2013; sem a busca por mais patrocínios e soluções alternativas que ao menos viabilizem uma respiração momentânea em meio ao oceano inavegável... Teremos apenas mais um ano melancólico e mais uma briga para não fecharmos as portas.

Foto: Rafael França, blog Jogos Para Nunca.

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